quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

E vc, o que vai ser?

Tive um sonho estranho.
Nele todos os que conheço, inclusive eu mesma, voltavam a ser crianças.
Pequenos viajantes do tempo que puderam prever o seu futuro e voltaram para contar, afoitos, aos amigos.
Cada um, com mais ou menos orgulho, narrava o que havia sido feito de sua vida.
E eu, muito envergonhada e tensa, tentando fugir desta inquisição, pensava em inventar algo interessante.
Disse apenas que era livre.
Todos estávamos mentindo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Perdas

Há quase 2 anos não escrevia aqui, e assim, de repente, resolvi retomar o blog.
De repente não, porque nada acontece sem um motivo.
Na verdade, a perda de uma pessoa querida me fez ir minguando, sumindo, e deixando esse projeto de lado, e agora, outra perda me fez recorrer ao único alento que conheço: as palavras.
Ainda não consegui transformar a dor atual em letras, mas enquanto espero que isso seja possível resolvi compartilhar um texto sobre alguém que já se foi.
O pai de uma amiga minha faleceu hoje e o sentimento dela me lembrou o mesmo que eu vivi quando perdi meu avô, no início de 2010. Essas palavras são sobre ele.

"Meu avô faleceu há alguns dias e ao receber a notícia não consegui sentir nada.
Nenhum pingo de tristeza ou dor ou saudade.
Apenas uma curiosidade literalmente mórbida, sobre se alguém de sua tão escondida segunda família, havia se pronunciado.
Visitei-o no hospital, quando ainda estava lúcido, mas permaneci poucos minutos no quarto e não o esperei acordar.
Fiquei muito incomodada, não sei porquê. Não consegui falar nada, nem segurar sua mão, nem acariciar sua face.
Permaneci estática e após aproximadamente 2 minutos sai dali.
Estava aliviada porque na visita constatei que ele estava melhor do que haviam me falado e sai do hospital com a certeza de que ele logo iria para casa.
Era um homem forte, batalhador, acreditei que ele fosse melhorar.
Não voltei a visitá-lo antes de retornar para a cidade onde moro.
Antes de ir ao hospital eu estava muito nervosa, angustiada, ansiosa por vê-lo.
Queria saber qual era o real estado de saúde dele, já que não podia confiar nas informações que minha tia dava por telefone.
Ao entrar no carro, vendo meu estado de aflição, minha irmã disse-me que eu estava daquele jeito porque tinha medo dele morrer, e eu, que já não o visitava há mais de 1 ano, não aliviaria meu remorso.
Doeu muito ouvir isso e tive que segurar minhas lágrimas.
Mas será que não é mesmo verdade?
Fui realmente ausente e queria demonstrar, desesperadamente, minha preocupação apesar da negligência.
E não demonstrei.
Fiquei atônita em sua presença.
Talvez por julgar que seria hipocrisia minha demonstrar meus sentimentos apenas pela extremidade da situação.
E ele morreu sem nem saber que eu havia estado naquele hospital.
Sem, talvez, saber que sim, eu o amava.
De um modo distante e retraido.
Não podia frequentar sua casa por motivos que não vêm ao caso.
E fui deixando-o de lado, como se realmente ele só fizesse parte da minha infância.
Fiquei tão feliz por ele ter vindo ao meu casamento. Será que ele soube?

Muitos são os problemas que envolvem a minha relação com a família de minha mãe.
Mas eu gostaria, do fundo do coração, que ele soubesse que apesar de também julgá-lo, eu o admirava.
Um homem que como todos errou em muitas coisas, mas acertou em tantas outras.
Definitivamente, acertou em como ser um bom avô."

Hoje, três anos depois, sinto saudades dele, da sua presença e carinho.
O tempo transforma os sentimentos, joga luz sobre o que realmente importa e deixa em evidência o amor.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Bebemos da mesma água.

Eu gosto de papel e caneta, e de passar bilhetes na sala de aula.
Mesmo com 30 anos isso me deixa feliz.
É um privilégio tão grande que esses bilhetes ainda tenham o mesmo destinatário.
E que eu possa ter essa tarde nostálgica e deliciosa falando bobagem e escutando The Killers.
Do cenário de hoje, eles são a única coisa que não existia em 1993.
Talvez eu devesse ter escolhido outra trilha sonora.
Mas é bom incorporar uma novidade a isso, senão tudo ficaria saudosista demais.
E eu gosto do astral em que a batida de Read my Mind me deixa.
Do clipe passado no Japão, com um bonequinho verde que dá vontade de ter em casa.
Também dá vontade de andar de bicicleta, e obviamente de conhecer o Japão.
Coisa que ainda vou fazer.
Desejo cultivado desde que vi Lost & Translation.
Hoje estou feliz, como não ficava há muito tempo.
Redescobri o valor de uma antiga amizade, o quanto ela é fantástica e divertida.
O quanto eu também o sou.

sábado, 8 de janeiro de 2011

O blog e eu.


O novo ano começa e como sempre as promessas e resoluções.
Mentira, eu não fiz nenhuma.
Só queria uma introdução para o primeiro texto de 2011.
E também um pretexto para associar à imagem de um filme muito bacana que se passa na noite de reveillon :P
A verdade é que comecei esse blog sem a pretensão de um tema obrigatório e quero que continue assim.
Sempre gostei de escrever, mas apesar das pilhas de cadernos que acumulo, nunca tive coragem de publicar nada. Tenho vergonha e receio me expor.
Então quando pensei em fazer o blog queria que fosse sobre algo impessoal, que eu gostasse e me interessasse o suficiente para publicar com certa frequência.
Supus, e até tentei, que esse fosse um blog sobre moda e afins.
Mas desde o primeiro texto fui me afastando das "pautas" e me deixei levar pelas emoções.
Percebi que a razão que verdadeiramente me motiva a escrever é apenas uma: sentimento.
O assunto pode ser qualquer um, mas não funciona sem um significado.
E para não ser incoerente com o início desse post ai vai a minha palavra-tema para 2011 :
Coragem.

E assim terminou 2010.


Sonhei com um novo final para a sua história.
E com uma nova história.
Como se tudo pudesse ser reescrito.
Você estava tão feliz!
E todos nós estávamos também.
Mas eu sabia que estava sonhando, o tempo todo.
E por mais que isso me desse alguma esperança momentânea, era cruelmente frustrante.
Acordei muito triste.
Terminei o ano com o coração apertado.
(29/12/2010)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Difícil é dizer adeus.

No início é só dor.
O choque, um golpe, a desnaturalidade da morte.
É fácil dizer que morrer é a única certeza que temos na vida.
Mas quando perdemos alguém e temos que encarar este fato só resta o silêncio.
As mãos trêmulas, a falta de ar, a dor no peito.
Não fica apenas um vazio, fica tudo de ponta-cabeça, sem sentido, sem rumo.
Muita tristeza...
Que o tempo passe logo para que fique apenas a saudade e as boas lembranças.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

De que você precisa para ser feliz?



"I have lived through much, and now I think I have found what is needed for happiness. A quiet secluded life in the country, with the possibility of being useful to people to whom it is easy to do good, and who are not accustomed to have it done to them. And work which one hopes may be of some use. Then rest, nature, books, music, love for one's neighbor. Such is my idea of happiness. And then, on top of all that, you for a mate, and children perhaps. What more can the heart of a man desire?"   (Tolstói)

Into the wild é um filme capaz de transformar pessoas.
A fotografia, roteiro, atuação, trilha sonora (perfeita!), direção (genial!), absolutamente TUDO é impecável.
Aliás, cada uma dessas categorias merece um post único.
Baseado no livro homônimo de Jon Krakauer ele conta a história verídica de Christopher McCandless.
Conta a história não...ele recria primorosa e poéticamente a saga do jovem que abriu mão de uma vida confortável (e previsível) para buscar na natureza, durante sua viagem rumo ao Alaska, o verdadeiro sentido da vida.
Desse modo, descrever o filme o transformaria em um clichê, o que definitivamente não o é.
Então atenho-me a dizer que essa obra de arte, repleta de paisagens estonteantes embaladas por músicas incríveis, envolveu-me de tal maneira que deixou de ser um filme e tornou-se um sentimento.
Ontem vivi uma situação que retrata bem isso.
Passei por maus bocados no trabalho e estava arrasada.
Logo depois encontrei uma amiga e conversamos a noite toda.
Comemos, bebemos, nos divertimos e no final da noite as experiências ruins tinham ficado tão pequenas que nem parecia que eu tinha passado por aquilo.
Penso que a felicidade é isso, ter amizades verdadeiras e poder contar com o amor destas pessoas nos momentos difíceis.
Curiosamente essa mesma amiga tem um momento muito especial de sua vida relacionado ao filme.
O então namorado dela usou uma frase de Supertramp para pedi-la em casamento.
"Happiness only real when shared."
Fico comovida quando imagino essa cena, digna da sensibilidade e história dos dois.
Sem dúvida uma das mais românticas declarações de amor =)
Esse post é dedicado a vocês, meus queridos.